“São coisas que ouvimos e aprendemos, coisas que os nossos antepassados nos contaram. Não as esconderemos dos nossos filhos, mas falaremos aos nossos descendentes a respeito do poder de Deus, o Senhor, dos seus feitos poderosos e das coisas maravilhosas que ele fez.” (Salmo 78:3,4)
Somos formados no seio da família e produtos dela. A identidade de cada um nós é formada pelos aspectos físicos, espirituais e emocionais do contexto familiar. Inicialmente nos formamos no útero de nossas mães e, posteriormente, somos moldados pelo contexto familiar para sermos o que somos quando adultos. Neste processo alteramos algumas coisas que percebemos em nossa criação que não nos agradam e outras ficam inalteradas.
A herança física é muito simples de compreender pois, normalmente, nossos filhos se parecem conosco. Não é raro escutar alguém dizer:
— É a cara do pai!
— Tem o mesmo rostinho da mãe!
— A boca é tua e os olhos são meus! Dizem os casais românticos.
De qualquer forma, nosso aspecto físico, assim como nosso idioma, nossa nacionalidade e quem somos são heranças físicas recebidas de nossos pais.
Nossa capacidade moral e de estabelecer relacionamentos também é recebida no lar. Algumas famílias possuem muita facilidade em se relacionar com os familiares e com as pessoas ao derredor, enquanto outras possuem dificuldade.
O interessante é que raramente nasce no seio de uma família alguém muito diferente em relação ao comportamento praticado por ela. Quando isso acontece, pelo convívio, logo aprende a comportar-se como a sua família e torna-se mais ou menos comunicativo, conforme o caso.
É na família que desenvolvemos os primeiros contatos e recebemos a capacidade de iniciar e nutrir relacionamentos. Construímos esta capacidade sobre a confiança que por sua vez se apoia na integridade.
Quando temos dificuldade crônica de realização pessoal, frequentemente deve haver algum problema no relacionamento com os pais.
Vejamos o exemplo de Jacó. Ele foi preterido pelo pai e apoiado pela mãe. A mãe o orientou a mentir para seu pai e assim ele fez. Depois o orientou a fugir de seu irmão e ele novamente seguiu o conselho dela. Jacó passou muitos anos tentando descobrir qual era sua identidade e objetivo de vida, vagando por terras distantes de sua casa.
Somente quando foi em busca de restauração de seu relacionamento familiar é que recebeu a bênção e a cura para suas emoções e prosperou. Sua história mudou completamente a partir deste momento.
O terceiro ponto importante que recebemos no lar é a herança espiritual. Esta herança determina quem somos em Deus. Muitas famílias não possuem um histórico espiritual, ou o possuem de forma deturpada.
Quando nós falhamos em entregar esta herança aos nossos filhos poderemos gerar feridas em seus corações que podem levam a inferioridade ou superioridade, que são extremos de um mesmo problema.
Ao participar da Escola Bíblica Dominical, por exemplo, e levarmos nossos filhos, estamos transmitindo a eles o nosso legado pessoal e proporcionando a oportunidade para que possam experimentar a Cristo e segui-lo por conhecê-lo e não por ouvir falar.
Existe um ditado popular que diz: a primeira geração gera riqueza, a segunda geração usufrui e a terceira geração a destrói. Quando examinamos famílias cujos pais geraram grandes impérios econômicos, frequentemente descobrimos que seus filhos e/ou netos já destruíram o legado deixado.
Isto ocorre porque não foram capazes de deixar a eles a herança que mais importa. Esta herança não é financeira, mas sim comportamental e espiritual.
Os pais vieram de famílias sem recursos e aprenderam a poupar, os filhos foram criados com menos austeridade e os netos já nem sabiam o que era lhes faltar algo.
Ao reunir a família e contarmos nossas histórias, estamos proporcionando que eles passem a conhecer um pouco do que vivemos e assimilem parte do que vivenciamos, moldando seu caráter e comportamento.
Estar presente e participar dos acontecimentos familiares traz firmeza e define a identidade de nossos filhos. Vejam o exemplo de Jesus. Quando ele foi batizado, Deus Pai e Deus Espírito Santo estavam presentes lá.
O Espírito Santo compareceu na forma de uma pomba branca que pousou sobre Ele, enquanto Deus Pai falou de forma audível que se agradava do ato do seu Filho, confirmando a paternidade, o ato de Jesus e que era filho legítimo.
Não por acaso, logo em seguida, Jesus é tentado pelo Diabo exatamente a respeito de sua identidade: “se és o filho de Deus”. Este tipo de questionamento não abalou Jesus, não nos abala e também não abalará nossos filhos aos quais transmitimos nossa herança.
“Pai celestial, gera em nós um coração grato pelo teu mover em favor de nossa família. Restaura nossa herança comportamental, física e espiritual. Que possamos transmitir aos nossos filhos e netos tudo de bom que temos recebido de Ti. Amém!”
Luis Antonio Luize
Pastor Luis
O compartilhamento das experiências com Deus nutre a fé. A prática partiu do avô, continuou no pai e alcançou o filho. Revela-se não só o que se aprendeu, senão o de que se tem conhecimento que outros aprenderam. Repetir, lembrar, trazer à memória o que Deus fez, seja consigo mesmo ou com outros, renova a fé da pessoa. A transmissão dos feitos divinos, ainda que virtualmente, comunica presença e assistência.
Gostei muito dessa mensagem. SENTI APENAS SÓ TER CONHECIDO O SENHOR JESUS DEPOIS DE HAVER GERADO MEUS 5 FILHOS E JÁ ESTAREM NA FASE QUASE ADULTA. APESAR DELES TODOS SEREM DO SENhOR PERCEBO EM SUAS VIDAS MARCAS DE UMA VIDA SEM DEUS NA INFÂNCIA E NA JUVENTUDE. ESSA MENSAGEM ME MOSTROU CLARAMENTE O RETRATO DA MINHA FAMÍLIA. QUE DEUS ABENÇÔE VOCÊS PARA CONTINUAREM A RECEBER DO SENHOR ESSA GRAÇA EM FORMA DE LUZ PARA NÓS.
Excelente mensagem. Concordo plenamente. Deus os abençoe em Cristo a cada dia.
Graça e paz Pastor! Ótimos, lúcidos e muito instrutivos seus ensinamentos. Somente uma ressalva sobre o seu comentário sobre: “Somente quando foi em busca de restauração de seu relacionamento familiar é que recebeu a bênção e a cura para suas emoções e prosperou. Sua história mudou completamente a partir deste momento”. Não concordo, Jacó foi abençoado desde o dia em que inconformado por ser o segundo se agarrou ao calcanhar do irmão. Para mim, ele é uma das maiores e talvez a melhor demonstração de perseverança de toda a galeria dos heróis da fé. Mesmo sendo chamado de enganador pelo seu irmão, toda a sua vida foi recheada de bênçãos. Não concordo com o preconceito de que praticamente todos têm, em dizer que ele como Jacó, era sinônimo do engano. Entre muitos motivos, creio que o maior é: “o mostrou Moisés, junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque e Deus de Jacó” Será que estes textos estariam dizendo: o Deus de “pai de multidões”, o Deus da alegria ou sorriso, e o Deus de enganador? Totalmente improvável, mas gosto de pensar que Deus é o Deus do pai de multidões, do sorriso e daqueles que não se conformam com a derrota, dos inconformados, dos que lutam por aquilo que sonham. Por isso não concordo com a mancha de “enganador” que Esaú lançou sobre o irmão. Abraços. Em tempo, leio assiduamente todos os seus artigos, arquivo praticamente todos, falo deles em muitas oportunidades.