Uma característica interessante me saltou aos olhos alguns meses atrás: minha roda de amigos frequentes tem o mesmo papo, mesmo tipo de conversa, mesmos assuntos, os mesmos pensamentos (ainda que as vezes as ideias sejam divergentes). Não é coincidência, afinal tendemos a nos juntar com os que nos agradam e este é o ponto. Eu só tenho 3 assuntos na minha vida: Reino de Deus e suas coisas; familia e suas coisas; trabalho e suas coisas. Eu não sei falar de futebol, sou ruim de comentários políticos, não sou muito dado às artes, não frequento agendas sociais, não acompanho os lançamentos do cinema, mal assisto TV e francamente, pelo menos nos últimos anos, falar de notícias se tornou monótono e cansativo pois notícias boas tem sido raridade.
Isso não é nem fruto de alienação e nem tampouco displicência com o mundo em que vivemos. É que não cabe mesmo. Minha satisfação com estes 3 assuntos literalmente entupiu a minha cabeça. Já estou perto dos 50, ainda trabalho bastante, meus filhos estão saindo da adolescênciae estou constantemente envolvido com as coisas da igreja. Note que me concentrei nisso pois são as minhas maiores paixões, de longe e sem dúvida.
O texto tão conhecido do Salmo 1 faz um paralelo entre o errado e o certo, mas menciona “satisfação” ou em outras traduções “prazer”, quando fala do que faz desse homem alguém feliz ou bem aventurado. Isso é a explicação genuína e suficiente para entender, não é necessário filosofar muito mais. Eu me agrado dessas coisas portanto tomo meu tempo com elas. Isso tem um motivo.
Viver o evangelho é um estilo e não um conjunto de regras, portanto eu não fiquei intencionalmente focado nesses temas, eu apenas fui vivendo minha vida de um modo quase egoísta (no sentido de fazer o que me agrada). Deu nisso. Motivo? Essência, transformação, valores, modelagem.
O poder de Deus para minha salvação fez de mim alguém que se agrada das coisas do Reino. Qualquer reino desse mundo (e portanto o de Deus também) tem sua linguagem, suas leis, seus costumes, sua cultura, sua história, sua arquitetura, sua culinária, seus contos e mitos, seu povo (etnia) e principalmente seu governo. Se nestas coisas não estiver nossa satisfação, não vai funcionar. Não adianta ler a Bíblia porque sabe que precisa, ou porque o pastor mandou, ou porque todo mundo em redor está lendo. Pode funcionar por um tempinho, mas não dura. Só funciona se houver satisfação nisso, que pode sim ser desenvolvida.
Minha familia é minha paixão, amo ver meus filhos crescendo, descobrindo, aprendendo, rompendo, se definindo, estudando, fazendo amigos, ministrando. Lamento não ter mais tempo com eles (por enquanto), sinto falta de algumas coisas com eles, gostaria de ter dinheiro para algumas coisas – mas nada nos falta, temos satisfação em estarmos juntos mesmo na imperfeição, enfrentamos desafios juntos, venceremos juntos.
Meu trabalho é mais do que uma forma de sustento financeiro e material, eu sou apaixonado e intenso no que faço, transpiro isso e sou envolvido ao maior nível de compromentimento possível. Sou respeitado por isso, me satisfaço com isso. Obviamente, uso isso também como ferramenta de entrada e de acesso aos lugares e pessoas que como pastor eu não chegaria. Como isso não tomaria meu tempo? Imagino o desânimo e a insatisfação de quem trabalha com algo que não gosta.
Viver o evangelho é isso: é um estilo de paixão. Se suas paixões são outras, amém. Desde que o Reino de Deus esteja na lista tudo te irá bem e haverá transformação.
Pastor Mário:
Quando o evangelho entra, de fato, na pessoa há alinhamento com o Eterno, escala de valores sintonizados como Reino e crescimento aos olhos do Pai, ainda que invisível aos humanos. O Intangível passa a ser mais importante do que o material, embora não se viva sem esse.
Providencial, como sempre.
Me maravilha e edifica a minha fé ver palavras de pessoas que nunca se viram/conheceram dizerem a mesma coisa. O rio de Deus está fluindo na mesma direção, pelo Seu Espírito, conduzindo a Igreja de Cristo.