Vinicios Torres

O Que Você Faria?

O que você faria se após meses de desemprego tivesse feito muitas entrevistas onde, na maioria das vezes, o outro candidato mais velho tivesse pelo menos 20 anos menos que você, e sempre recebesse a resposta “Foi escolhido um candidato mais alinhado com vaga”?

O que você faria se após anos alugando uma casa e cuidando como se fosse a sua própria, cumprindo fiel e pontualmente todas obrigações, na hora de sair fosse achacado pela imobiliária, sendo cobrado por coisas que não deveria, e eles usando a detalhes do contrato ameaçam processá-lo e aos avalistas? E para piorar você descobre que os donos dela são cristãos.

O que você faria se após uma vida de honestidade as pessoas olhassem para você e perguntassem “Valeu a pena? Não percebe que o sistema do mundo é feito para beneficiar os espertos e os honestos como você só se dão mal?”

O que você faria se tivesse um problema de saúde e a consulta do SUS para a especialidade foi marcada para daqui a … 2 anos?

O que você faria se estivesse lutando com sentimentos de depressão e estresse há anos, e quando você acha que está vendo a luz no fim do túnel, as circunstâncias se revoltam assim?

O que você faria se tudo isso acontecesse ao mesmo tempo com você e mesmo depois de orar e clamar a Deus não sente mudanças acontecendo?

O que você faria?

Vinicios Torres

Tempo de Mudar 2

“Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar;” (Eclesiastes 3:4 NTLH)

Como eu disse na mensagem anterior – Tempo de Mudar – esta passagem do Pregador me traz um conforto quando olho para as fases da minha vida.

Por um lado, ela diz que a fase em que estou é temporária. Às vezes, podemos querer que as coisas não mudem, por estarem, do nosso ponto de vista, boas. Por outro lado, ela diz que a fase em que estou é temporária. Graças a Deus!!! Essa fase vai acabar. Aleluia! As coisas vão mudar.

A mesma afirmação pode provocar ansiedade ou esperança, dependendo apenas do momento em que ela é proferida.

A certeza de que a mudança vai acontecer muitas vezes é o que separa alguém do desespero e o tira da depressão profunda. O salmista afirma no Salmo 42, duas vezes: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.” (Salmo 42:5,11) Quando escreveu este salmo, certamente o salmista passava pelo “tempo de ficar triste”. Note que ele reclama com Deus, questiona, lamenta, expõe os seus sentimentos. Mas termina com essas palavras maravilhosas: “ainda louvaremos ao Senhor!” Aguente só mais um pouco, a fase está passando, um novo tempo se iniciará.

Temos que tomar cuidado para não estendermos nenhuma fase além do seu tempo determinado por Deus. Podemos fazer isso em qualquer circunstância, tanto positiva como negativa. É natural do ser humano acomodar-se às situações. Mesmo as situações de sofrimento podem ser mantidas pelo simples fato de que se tornaram controláveis e mudá-las exigirá adaptar-nos a uma nova realidade desconhecida.

O salmista nos diz que a chave é esperar em Deus e o Pregador afirma, depois de discorrer todo o seu discurso sobre as diversas fases da vida, que o resumo de tudo é: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos.” (Eclesiastes 12:13)

Confia no Senhor, Ele te guiará por todos os tempos que você deve viver, na sequência em que você deve vivê-los, pela duração necessária para cada um deles. Mantenha os olhos abertos e os ouvidos atentos pois, em cada uma dessas fases, o Senhor falará com você e lhe mostrará o Seu amor em ação.

Repetindo:

Usufrua a vida, alegre-se em cada momento dela, aproveite cada interação, construa amizades sinceras, ame cada pessoa, semeie abundantemente daquilo que você espera colher no futuro. Entregue cada preocupação ao Senhor em oração. Adore-o com suas palavras e ações.

Esteja sempre pronto para as mudanças sabendo que o Senhor prometeu estar com você todos os dias até o fim dos tempos (Mt 28:20b) e não te deixará jamais (Hb 13:5).

Vinicios Torres

Tempo de Mudar

“Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião.” (Eclesiastes 3:1)

Leia do versículo 1 ao 8.

Esta passagem do Pregador (Eclesiastes significa Pregador) é muito interessante. Ela me traz um conforto quando olho para as fases da minha vida e fico me perguntando por que a vida dá tantas voltas.

Somos levados a acreditar que a vida perfeita deveria ser uma sequência infinita de bons acontecimentos, em que tudo que desejamos se realiza de maneira a nos deixar com sentimentos alegres e usufruamos de prazer contínuo. Revezes, dificuldades, contrariedades, tristezas, fracassos seriam todos sintomas de que estamos vivendo alguma coisa da maneira errada. (Curiosamente isso me lembra o enredo do romance ‘Admirável Mundo Novo’, de Aldous Huxley, que fala de uma sociedade que buscava viver isso através do uso de uma droga e de um governo controlador).

Programados para pensar desta maneira, levamos para nossa relação com Deus a expectativa de que a bênção dEle deveria nos garantir este estado benfazejo. E que qualquer coisa que não seja do nosso ponto de vista positiva significa ausência da sua bênção, da sua presença ou do seu cuidado.

O Pregador, no entanto, afirma que há tempo para tudo, inclusive para o que pensamos ser negativo. A vida tem uma dinâmica mais complexa do que aquela que simplificamos. E até mesmo aquela atitude otimista que os pregadores da auto-ajuda tanto insistem em nos convencer, de que o negativo agora se mostrará positivo no futuro, pode se mostrar falsa em algumas circunstâncias.

Podemos aprender com erros e sofrimentos e evitar repeti-los no futuro. Ótimo. Mas isso não garante que após a próxima curva da vida não tem um novo solavanco a espreita. Nova lição, novos aprendizados. A sucessão de experiências, suas análises e conclusões nos permite criar nosso arcabouço de sabedoria. A partir de uma idade você começa a dar aos mais novos conselhos baseados na sabedoria que você foi adquirindo pela vida.

Quer ver uma coisa interessante? O Pregador não nos estimula a procurar pelas coisas negativas, ou sofrimentos, na vida. Ele apenas diz que elas existem e que acontecerão. Na verdade ele diz: “nesta vida tudo o que a pessoa pode fazer é procurar ser feliz e viver o melhor que puder. Todos nós devemos comer e beber e aproveitar bem aquilo que ganhamos com o nosso trabalho. Isso é um presente de Deus.” (Ec 3:12,13 NTLH, grifo meu). Ou seja, devemos viver plenamente cada momento da nossa vida conscientes de que a qualquer momento poderá ser o tempo de mudar.

Os apóstolos Barnabé e Paulo trabalhavam muito bem em parceria (tempo de ajuntar) mas, de repente, um detalhe sobre um componente da equipe provoca tal desavença entre eles que cada um foi para um lado (tempo de separar). Alguém desavisado dirá que o Diabo foi vencedor nesta situação. Mas isso fez com que o evangelho se espalhasse por um território bem maior do que aquele que eles cobririam se continuassem juntos. Como disse antes, a dinâmica da vida é mais complexa do que parece.

Usufrua a vida, alegre-se em cada momento dela, aproveite cada interação, construa amizades sinceras, ame cada pessoa, semeie abundantemente daquilo que você espera colher no futuro. Entregue cada preocupação ao Senhor em oração. Adore-o com suas palavras e ações.

Esteja sempre pronto para as mudanças sabendo que o Senhor prometeu estar com você todos os dias até o fim dos tempos (Mt 28:20b) e não te deixará jamais (Hb 13:5).

Vinicios Torres

Desprezando a Bênção de Deus

“Disse Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura. Ele respondeu: Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura? Então, disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. Deu, pois, Jacó a Esaú pão e o cozinhado de lentilhas; ele comeu e bebeu, levantou-se e saiu. Assim, desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.” (Gênesis 25:31-34)

Você alguma vez se comportou como Esaú, desprezando a bênção ou o projeto de Deus para você? Eu acredito que, conscientemente, você não deve ter feito isso, assim como eu também não me lembro de ter feito.

Você acha que Esaú percebeu que estava fazendo isso? Se você ler com cuidado a história e tentar compreender atitudes e características das pessoas envolvidas perceberá que Esaú, naquele momento não tinha ideia da besteira que estava fazendo.

Percebemos, pela dinâmica da história, que Esaú era o camarada que agia sem medir as consequências, talvez estimulado pela preferência do pai por causa de seu porte físico e de suas aventuras em caçadas; seu espírito livre, como diriam alguns hoje. O fato do texto destacar que ao chegar aos 40 anos de idade ele tomou para si esposas dos habitantes do lugar, contrariando o desejo dos pais, demonstra que ele tinha uma vontade independente e não media as consequências dos seus atos.

Ao vender a primogenitura (o direito de herança pertencente ao irmão mais velho), Esaú demonstrou não valorizar aquilo que não fosse imediato, já que este direito só seria usufruído quando o pai morresse. Fazê-lo por um valor tão pequeno e por motivo tão espúrio, fez o autor do texto escrever que ele o “desprezou”.

O que Esaú não compreendia, mas Jacó demonstrou ter discernimento, é que junto com a herança vinha a promessa de Deus, a mesma que Deus fizera para seu avô e para seu pai. Prosperidade, riqueza, território, descendência e influência estavam incluídos e Jacó, sabendo que seu irmão não valorizava isso o suficiente para esperar o tempo de Deus, tratou de conquistar para si o direito a essas bênçãos.

Eis algumas atitudes que são semelhantes a “desprezar” a bênção de Deus:

Não crer que a bênção exista ou valha a pena. Podemos perder a bênção por não crer nela. A Bíblia registra que Deus responde as nossas orações, mas nós não oramos e não buscamos a Deus regularmente. Ela fala que devemos obedecer ao mandamentos para vivermos bem, mas insistimos em tentar viver bem quebrando-os todos.

Não esperar o tempo correto para usufruir a promessa. Alguns até creem e, por isso mesmo, querem-na agora. Mas Deus tem seu plano para nós e o tempo determinado para as coisas acontecerem. Será que a vida de José faria sentido se os sonhos que ele recebeu tivessem se cumprido logo que eles ocorreram? No tempo certo, José viu que os sonhos se realizaram no momento em que eles puderam abençoar a todos.

Não trabalhar pelo cumprimento da promessa. Tem gente que acha que tudo que Deus promete cai do céu de mão beijada. Ledo engano. Na maioria absoluta das vezes, o sonho ou a promessa que Deus dá implica, na verdade, que você deve trabalhar (e muito) por ele, porém, com a fé de que Deus o abençoará e o ajudará a conquistá-lo. Jacó demonstrou esta atitude ao trabalhar pelas suas esposas, garantir a descendência e aumentar seu patrimônio, pois esta era a forma de usufruir as bênçãos de seu pai e de Deus.

Desistir. Esta é uma das formas mais comuns de desprezar a bênção de Deus. Começar e não perseverar até conseguir ver o cumprimento da promessa. O teste do tempo, das dificuldades do trabalho e das adversidades faz muitos abandonarem a caminhada. Já imaginou se Jacó, ao descobrir que a mulher desejada havia sido trocada no casamento, desanimasse, desistisse e ficasse por isso mesmo? Não teria casado com Raquel, não teria José, que não teria sonho, não teria Egito e todos poderiam ter morrido quando veio a fome sobre a terra. O fato de não ter desistido, fez a história registrar a intervenção de Deus e a salvação de muitos.

Não sejamos como Esaú. Não abramos mão das promessas de Deus e dos sonhos que Ele colocou em nosso coração. Persigamos com perseverança aquilo que Deus tem para nós.

Se você não fizer isso pelo que Deus te deu, logo ouvirá um Jacó, com uma panela, atrás de você perguntando: Vai um prato de lentilha aí?

Vinicios Torres

Quem Lê a Bíblia para Você?

Parece estranha a pergunta? Tenho certeza que você vai dizer que é você mesmo. Talvez esteja pensando nos casos de pessoas doentes ou idosas que não conseguem ler e pedem para outros que leiam a Palavra de Deus para elas (ministério abençoado tanto para quem lê como para quem ouve).

Mas a minha pergunta tem outra conotação. Ela foi despertada por um e-mail que recebi como resposta a uma das mensagens sobre Jacó (ainda não terminei com ele, espere que logo vem mais). A pessoa comentava que era difícil entender como Deus abençoou pessoas com defeitos/problemas e destacou, por exemplo:

  • Jacó trapaceiro – abençoado
  • Abraão mentiroso – abençoado
  • Noé bêbado – abençoado
  • Moisés assassino – abençoado

Há duas coisas que precisamos entender sobre isso:

A primeira é que estamos sendo bombardeados por pregações superficiais que tem tido o propósito de nos motivar e movimentar e que usam estereótipos para facilitar a assimilação da mensagem. Assim, é mais fácil para o pregador caracterizar Abraão como mentiroso do que analisar cuidadosamente o caso (ele não mentiu, leia a história em Gênesis 20).

O problema dessa abordagem é que o estereótipo reduz a personagem a um conjunto simples de características e perde-se a riqueza do seu caráter e de sua história. Normalmente o contexto histórico também é ignorado, e ele explica muitas coisas a respeito da personagem ou dos fatos narrados.

Não há necessidade de ir a um seminário ou faculdade teológica. Basta ler com atenção, desligar-se de ideias pre-concebidas e interpretar o texto de acordo com as regras da língua. Pareço um professor de português falando, né? Pois é, mas se tivéssemos nos dedicado um tantinho mais nas aulas de língua portuguesa teríamos menos barbaridades sendo ensinadas nos púlpitos desse país.

Muitas igrejas reduziram seus ministérios de ensino ao processo de formatar os novos convertidos e, no nível mais avançado, aos treinamentos de como liderar grupos. Ficando, portanto, ao cargo da iniciativa dos seus membros buscar conhecer mais sobre a Bíblia, a história e como interpretá-la.

A segunda é que, mesmo no caso daqueles que erraram, por exemplo, a embriaguez de Noé ou o adultério de Davi, a Bíblia não CARACTERIZA as pessoas pelos seus erros. Ou seja, a Bíblia não esconde que Davi pecou, mas deixa claro que caráter de Davi não era de um adúltero contumaz. Pedro tinha rompantes de falar e fazer as coisas, mas a Bíblia destaca a fé, a confiança na Palavra de Jesus e a obediência irrestrita dele.

O fato da Bíblia registrar os erros e pecados de alguns demonstra a graça de Deus em perdoar os arrependidos e quebrantados e restaurá-los. Ou seja, exemplo do que pode acontecer conosco também. Se Davi, após seu arrependimento, continuou sendo um “homem segundo o coração de Deus”, eu também posso experimentar o mesmo arrependimento e ser restaurado à presença do Pai.

Geralmente, os esterótipos se fixam em coisas negativas, levando-nos a uma leitura preventiva e truncada.

Para ajudar a ler a Bíblia com mais riqueza:

  • Ao começar um texto, preste atenção no contexto. O que veio antes? Do que se trata?
  • Você conhece o contexto histórico? Costumes e regras da época que o texto retrata? Se não, procure pesquisar um pouco a respeito. Enriquecer seu conhecimento o ajudará a entender melhor o texto.
  • Procure imaginar a história. Coloque-se no lugar da personagem e imagine-se passando pela situação. Muitas vezes podemos imaginar os sentimentos e compreendemos melhor atitudes, reações e respostas.

Leia a Bíblia você mesmo, não leia a Bíblia apenas pelo que os outros lhe dizem.

Vinicios Torres

Resgatando a Personalidade de Jacó

Continuando a falar sobre a minha recente descoberta deste personagem, não que nunca tivesse lido, mas que agora leio com outros olhos, veja o que o texto nos descreve acerca de Jacó e seu irmão Esaú.

“Cresceram os meninos. Esaú saiu perito caçador, homem do campo; Jacó, porém, homem pacato/sossegado/simples, habitava em tendas.” (Gênesis 25:27)

Jacó tinha um temperamento pacífico, e gostava de uma vida sossegada e pastoril, bem diferente do irmão, dotado de caráter altivo e impetuoso, e que amava caçar. Esaú era o agitado, Jacó o tranquilo. Esaú, o esportista, Jacó preferiria ler um livro. Esaú gostava do desafio de acampar e caçar, Jacó preferia o conforto de casa e de uma cozinha equipada. Esaú seria o extrovertido enquanto Jacó, o introvertido. Nos tempos de hoje, Esaú seria o capitão do time da escola e Jacó, o líder dos nerds.

Mas tem um detalhe que a concisão do texto deixa escapar. O texto está fazendo um contraste de personalidades, colocando características de Esaú de um lado e de Jacó do outro. E isso tem razão de ser, pois essa descrição explica várias situações futuras na vida desses homens.

A palavra que nossas versões em português traduzem como “pacato/simples/sossegado” é “tawm” e tem os seguintes significados: perfeito, completo, aquele a quem não falta nada em termos de força física e beleza; moralmente inocente, íntegro, aquele que é puro moralmente e eticamente; tranquilo, pessoa de personalidade quieta.

A palavra escolhida pelo autor do Gênesis demonstra não apenas o aspecto externo da personalidade mas também o caráter de cada um deles. No caso de Jacó, a palavra para descrevê-lo é totalmente positiva e a história mostra evidências disso.

Jacó demonstra integridade ao questionar a mãe, quando ela lhe propõe o plano de enganar o pai se fazendo passar pelo irmão para receber a bênção do primogênito. Ele diz que não quer correr o risco de ser desmascarado e acabar amaldiçoado pelo pai em vez de abençoado. Ele só o faz em obediência à ordem da mãe depois de ela invocar que, se isso acontecer, a maldição caia sobre ela. Jacó demonstra integridade ao trabalhar todos os anos prometidos pelas esposas. Demonstra honestidade ao trabalhar corretamente apesar do sogro lhe mudar o salário tantas vezes.

É por isso que, depois de abençoado pelo seu pai, quando Jacó sai em busca de uma esposa, Deus se revela a ele em Betel. Ele tem o caráter, comprou o direito da primogenitura, recebeu a bênção do pai, agora só faltava a aliança com Deus.

Ao vermos a personagem bíblica com os olhos corretos podemos aprender mais facilmente as lições e exemplos que Deus quer passar através delas e de suas vidas.

Vinicios Torres

3 Mentiras Sobre Jacó Que Sempre nos Contaram

Toda história que lemos é grandemente influenciada pelo conhecimento prévio que temos acerca dela ou dos seus personagens. Conforme as características que conhecemos das personagens envolvidas interpretaremos suas intenções e reações. Por isso, uma das coisas que os amantes de cinema mais detestam são os famosos “spoilers”, aqueles comentários que revelam detalhes do filme ou o destino das personagens.

Quando lemos uma história com uma ideia preconcebida podemos perder detalhes dela, ou interpretá-la erroneamente, principalmente quando o preconceito for negativo. Ele pode fazer com que fiquemos bloqueados para as palavras e intenções da personagem que perdeu nossa simpatia por causa do preconceito.

Percebi isso nesta semana ao ser despertado por um comentário sobre a vida de Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão. Nestes anos de vida cristã não tem como saber quantas vezes li a história de Jacó lá no Gênesis, nem quantas mensagens ouvi baseadas nele. Nunca esteve entre meus personagens favoritos, nem tinha nada em sua trajetória que me servisse de exemplo. Diferente de seu filho José, decididamente o personagem mais fascinante do Antigo Testamento, na minha opinião.

Mas, hoje, confesso que descobri que tinha preconceitos para com ele. Preconceitos esses alimentados pelos comentários lidos e ouvidos a seu respeito que, depois de uma análise mais cuidadosa da história, se provaram equivocados.

Vejamos então três ideias que se ouvem muito sobre Jacó e que influenciam a maneira como interpretamos a sua história, podendo nos fazer perder as riquezas que Deus quer nos passar através dela.

Que o nome de Jacó significa “enganador”.

Quantas vezes você já ouviu isso? Eu ouvi a vida toda. Mas o significado do nome literalmente é “aquele que segura o calcanhar”, porque ele nasceu agarrado ao calcanhar do irmão que nasceu primeiro. O outro significado do nome é “suplantador”. Suplantador é aquele que toma o lugar de ou substitui a outro, seja pela incapacidade/inadequação do outro ou pela conquista do direito ao lugar. Uma boa comparação é o jogador de futebol reserva, ou suplente, que aguarda a oportunidade de substituir (ou suplantar) o titular e mostrar o seu jogo.

Portanto, não há conotação negativa no nome de Jacó. Na verdade, o seu nome instigou-o a pensar que poderia ter participação nas bênçãos sobre as quais ouvia seu avô e seu pai falarem, que por costume da época eram reservadas ao primeiro filho nascido, o primogênito.

Que ele enganou seu irmão Esaú e roubou a sua primogenitura.

Esse conceito também é bastante difundido, e entra aqui o fator que a gente olha para um fato e analisa conforme a nossa escala de valores e não na escala de valores das personagens dentro do seu contexto histórico. Leia a história com cuidado e veja que, em nenhum momento, Jacó ludibria seu irmão. Esaú pediu a comida que ele havia feito e ele ofereceu um negócio. Esaú aceitou o negócio e, no momento, saiu satisfeito. Pense um pouco, eles moravam todos juntos, se Esaú se incomodasse com o negócio bastava ir conversar com a mãe e pedir comida a ela. Mas a Bíblia diz que Esaú “desprezou” (Gn 25:34) o seu direito de primogenitura, ou seja, ele não dava valor, não se importava.

Posteriormente, ao revelar ao pai que havia negociado a primogenitura, Esaú diz: “Não é com razão que se chama ele Jacó (suplantador)? Pois já duas vezes me “suplantou” (Gn 27:36). Algumas versões traduzem “duas vezes me enganou” mas a raiz da palavra traduzida como “enganou” é a mesma do nome Jacó, e a frase significa que Esaú reconheceu que Jacó o suplantou, conquistando o direito de tomar o seu lugar. E lembre-se, nesta frase, quem está falando é uma pessoa amargurada, explicando assim o tom negativo da tradução.

Que ele fugiu do irmão.

Esaú amargurou-se por ter sido “suplantado” pelo irmão. Se você pensar bem, é a reação natural de alguém que reconhece que cometeu um grande erro na vida. Pessoas amarguradas ficam remoendo seus erros e, conforme o seu temperamento, imaginando formas de vingança. Com Esaú foi assim e sua mãe ficou sabendo que ele andava falando que se vingaria.

Rebeca, consciente que as bênçãos das promessas de Deus para Abraão e Isaque recairiam agora sobre Jacó, não quer que seu filho cometa o mesmo erro que Esaú já cometera de tomar mulheres de Canaã para esposas (Gn 26:35,35). É dela a ideia de convencer Isaque a liberar Jacó para buscar uma esposa entre os seus parentes. Isaque aprova a ideia e abençoa Jacó para esta empreitada.

É verdade que Jacó sai sabendo que seu irmão está com raiva dele e, segundo a história, volta muitos anos depois ainda temente da amargura do irmão. Mas Jacó não saiu fugido, nem às pressas. Saiu com a bênção de seu pai para a empreitada e sabendo que um dia voltaria para tomar posse da herança da primogenitura que ele conquistara.


Depois que você “ajusta as lentes” tirando as ideias preconcebidas, ao olhar o texto novamente uma nova história emerge. Algumas coisas que pareciam contraditórias, passam a se encaixar. Por exemplo, você entende como Deus podia falar com e abençoar Jacó. Antes, para mim, não fazia sentido isso acontecer com um cara ruim. Mas ruim, na verdade, era apenas o meu conceito dele.

Vinicios Torres

Como Achar o que Perdeu

Você já perdeu algo importante e ficou ansioso até que conseguiu encontrar?

  • Já perdeu os óculos justamente na hora que mais precisava?
  • Um documento importante que é a chave para resolver um problema urgente?
  • Esqueceu onde colocou o dinheiro que tirou do banco ontem?
  • Perdeu o prazo de pagamento de uma conta porque perdeu-a entre a bagunça da sua casa?

Todas essas são situações mundanas que acontecem naturalmente para aqueles que não se organizam ou fazem as coisas de maneira corrida ou distraída.

Se você mantiver uma vida desordenada será mais fácil perder as coisas. A sua vida, matrimônio, família, relacionamentos serão afetados se você tiver uma vida sem ordem. Ao manter uma vida em desordem o caos será inevitável, é apenas uma questão de tempo.

Muitos levam a vida espiritual no mesmo ritmo: bagunçado, sem ordem, sem disciplina.

Será que podemos perder algo espiritual por causa da falta de ordem em nossa vida?

Pode ter certeza que sim.

  • Quantas oportunidades de bênçãos podemos ter perdido justamente por não estarmos preparados para responder ao chamado de Deus no momento certo?
  • Quantas pessoas perderam a chance de ver a presença de Deus em nós porque não estávamos em comunhão com Ele?
  • Quantos deixaram de receber a libertação por não estarmos atentos às suas necessidades pois estávamos distraídos com as preocupações que a nossa bagunça provocou?

Jesus usa a mulher da parábola para nos mostrar o que fazer:

  1. Acenda a luz.

Traga claridade para a sua casa, para a sua vida, acenda a luz! O salmista nos diz “Lâmpada para o meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos” (Salmo 119:105). Para saber o que está bagunçado na sua vida contraste-a com a Palavra de Deus. Ela revelará o que não está de acordo com o padrão de Deus e dará direção para o que deve ser feito.

  1. Limpe a casa.

Coloque as coisas no devido lugar. Organize os documentos em pastas apropriadas. Jogue fora o que não precisa mais, tire o entulho para fora e deixe a casa limpa. Na vida espiritual o conceito é o mesmo: perdoe, reconcilie-se, restitua, deixe de fazer aquilo que não é para fazer, pare de falar o que não edifica. Rompa os laços que tenha feito com mal e com os ímpios.

Em vez de uma casa/vida desordenada, que abre brechas para perder valores e bênçãos, submeta-se a Deus através de aprender a sua palavra e praticar a santidade no dia a dia.

“Senhor, ajuda-me a limpar a minha casa e vida conforme a direção da tua santa palavra.”

Vinicios Torres