Depois de tomar a decisão de não mais me preocupar com o futuro e parar de ficar olhando para os tempos e eventos para ver se enxergava evidências de que a volta de Cristo estava próxima, comecei a crescer em entendimento em várias áreas da vida cristã que eu não conseguia ver por estar excessivamente preocupado em ficar descobrindo que passagem profética se ligava ao evento X ou ao acontecimento Y. Hoje olho para aquela época e vejo como é fácil ficarmos fixados em determinado assunto. Ficamos tentando associar tudo a esse assunto e passamos a ver tudo através deste assunto como se este fosse um filtro.
Um dos resultados desta fixação em um determinado assunto é que perdemos o significado real das coisas que não tenham relação com ele, ou exageramos o valor de determinados aspectos justamente por causa da relação com ele. Já contei aqui como uma das mais desastradas decisões financeiras da minha vida foi tomada por causa da compreensão inadequada da doutrina do arrebatamento.
Minha mãe conseguiu uma oportunidade de comprar uma casa, mas teríamos que financiar o saldo em vários anos a frente. Quando ela me apresentou o plano eu, arrogantemente, disse a ela que não adiantava entrar nesse negócio pois não viveríamos para usufruí-lo, já que o arrebatamento da igreja iria acontecer a qualquer momento. Pois bem, o arrebatamento não aconteceu e até hoje vivemos pagando aluguel.
Um dos maiores problemas que este sistema doutrinário impõe sobre os que o adotam é o pessimismo em relação ao futuro. Olham para os textos e só conseguem ver neles catástrofes e destruições antes da volta de Jesus. Lembro-me da alegria desmensurada de uma pessoa quando ouviu a notícia do ataque de 11 de setembro, nos Estados Unidos. Seu rosto expressando uma satisfação, que para mim só pode ser insana, e ele dizendo: “Assim mesmo, quanto pior ficar mais próximo o fim!”
Este mesmo raciocínio multiplicado pelas igrejas faz com que elas não se envolvam em ação social efetiva, ignorando completamente a realidade do seu contexto social e geográfico. Os cristãos com essa mentalidade raramente se preocupam em melhorar o bairro onde moram, não se envolvem nas ações de cidadania em sua cidade e o máximo que fazem pela escola pública onde os filhos estudam é ficar longe dela para não atrapalhar (mas logicamente reclamam dos professores que faltam ou que ensinam aquelas coisas anti-bíblicas).
Por quê não se envolvem? Por quê não participam? Por quê não se preocupam? Porque foram ensinados que as coisas têm que ficar piores para configurar o cenário para a aparição do anticristo. Assim, com este raciocínio eles pensam que não devem lutar pela melhoria das coisas pois senão estariam atrapalhando o curso dos eventos.
Engraçado, eu leio que Jesus, aquele que nós esperamos ansiosamente a volta, ensinou:
- Bem-aventurados os pacificadores, mas eu não vejo muitos cristãos envolvidos, ou mesmo orando, pela paz ou pelas negociações de paz entre árabes e israelenses, entre hindus e cristãos, entre sihks e paquistaneses, ou pelas muitas disputas tribais na África.
- Bem-aventurados os pobres de espírito, o que mais vejo hoje é a reinvindicação de direitos, a busca desenfreada de riquezas sem objetivo e propósito justo e a ausência crônica da igreja nas ações de erradicação da pobreza, das doenças endêmicas, da desnutrição, ou seja, do esforço de mudança da realidade.
- Bem-aventurados os que têm sede de justiça, e não vejo nada mais do que cristãos que o máximo que fazem ao saber das injustiças cometidas é soltar um sonoro “Oh! que pena para ele, ainda bem que não foi comigo!”
Quando leio Jesus ensinando essas coisas não consigo compreendê-las em um contexto de medo do futuro ou com a idéia de que não valerá a pena. Pelo contrário, ouço a voz de Paulo a dizer sonora e claramente “E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos, SE NÃO DESFALECERMOS.”
Ou seja, permaneça FIEL até a morte, não importando as circunstâncias ou condições do futuro. A coroa da vida está a sua espera.
Vinicios Torres
Amei este texto, pois eu quase estava neste processo de que JESUS está voltando e que não vale muito a pena se envolver com as coisas que acontece, a não ser aguardar e se santificar, as vezes até não se envolvendo com irmãos que sofrem.Muito bom mesmo. DEUS o abençõe ricamento te dando cada vez mais sabedoria. Da irmã em CRISTO Neide Sousa.
Caro irmão Vinicius.
Gosto desse assunto de suas colocações, contudo aquele que está firme na Rocha tem a certeza de sua salvação e vida eterna, portanto não se preocupará com a vinda do Senhor Jesus.
2.Chegou a hora, compre sua casa financiada, agora já tens a certeza que não tinhas antes; eu continua pagando a prestações da minha, benção do Senhor Deus em nossas vidas. Para não ficar só nas minhas palavras: Ageu capíto 1.