“… e faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma, e para que minha alma te abençoe…” (Gênesis 27:4)
Todo ser humano nasce sem saber se comunicar. Quando a criança está desenvolvendo a comunicação ela cria formas próprias de representar cada objeto e situação. Se você chega em uma casa que tem uma criança nesta fase, provavelmente ela se comunicará de uma forma que apenas os pais e os irmãos entenderão.
Nosso filho mais novo foi um caso típico. Ele tinha uma expressão para cada situação, por exemplo:
— Ké gum! Dizia ele.
A gente ria e dava algo para ele até entender o que era. Descobrimos que ele estava pedindo para tomar suco, e gum é o som que o suco fazia na garganta dele ao tomar bem rápido. De qualquer maneira isto não explicava tudo, pois até hoje ninguém sabe, nem ele, o que significa uma expressão que ele usava, que depois foi substituída pela expressão correta em português e no final ficamos todos sem saber o significado.
É somente através da linguagem que conseguimos sair de nós mesmos e interagirmos com as demais pessoas de maneira satisfatória. Sem comunicação não há entendimento.
Apesar disto é impressionante o número de casais que vivem anos sob o mesmo teto e não se deixam conhecer e nem querem se conhecer. Isto chama a atenção, pois as pessoas querem ser compreendidas mas não se expõem, às vezes, nem ao próprio cônjuge.
As pessoas precisam oferecer aos outros as informações que precisam ser conhecidas, pois ninguém é adivinho. Enquanto isso, o outro precisa querer entender esta mensagem, decodificá-la para, então, agir de maneira adequada com o outro.
Assim passaremos a conhecer nosso cônjuge. Nós, Telma e eu, sabemos exatamente o que e como não devemos falar um com o outro para que não nos machuquemos. Isto é uma arma, pois sabemos como ferir e até destruir um ao outro, mas como casal decidimos depor as nossas armas.
Mas não começou assim. Logo que casamos, naturalmente, cada um queria agradar o outro e fazer tudo de bom. Começamos fazendo aquilo que mais gostamos para o nosso cônjuge. Note, não é o que ele(a) gosta, mas o que nós gostamos. Simplesmente pelo motivo que não sabemos o que o outro gosta.
Nas refeições a Telma fazia uma linda salada, temperava com vinagre e servia. Eu comia pouca salada, pois na casa dos meus pais, sempre temperavam com óleo de oliva, e não estava acostumado com o sabor do vinagre. Como não queria chateá-la, não dizia que não gostava.
Foi assim uns meses, pasme, meses! Certo dia à mesa ela me pergunta:
— Você não gosta de salada?
— Detesto salada com vinagre, só como com azeite! Disse num tom não muito amistoso.
Ela ficou chateada, claro, não pelo que falei, mas pela forma como falei, mas disse:
— Eu só como salada com vinagre e fiz assim para te agradar com aquilo que gosto. Achei que você gostava, você nunca disse nada.
Quer situação mais banal do que esta para mostrar que faltava comunicação nas coisas mais simples. Pedi desculpas a ela pela maneira que agi e entendemos que devíamos falar das nossas preferências um ao outro, e com jeito, para podermos nos conhecer.
Certo dia pedi a ela que fizesse salada com vinagre, pois era só um hábito, e hoje tanto faz como está a salada, desde que estejamos juntos saboreando a companhia um do outro.
Nosso conhecimento um do outro vai aumentando, a ponto de ter algumas coisas que gostamos que já nem lembramos quem ensinou para quem, como por exemplo comer pão com carne picada e vinagrete. Como eu não gostava de salada com vinagre, não deve ter sido eu que trouxe este prato. Mas tanto faz, hoje a gente se diverte com estas situações.
É preciso criar o hábito saudável do diálogo sincero e objetivo. Isto não é natural e automático, necessita de esforço e aprendizado.
PARA EXERCITAR COM SEU CÔNJUGE
- Tenho, com jeito, falado das minhas preferências ao meu cônjuge?
- Levo em consideração as preferências do meu cônjuge e ajo adequadamente?
“Pai celestial, que a cada dia eu aprenda a me comunicar melhor e construir um relacionamento sincero e transparente com meu cônjuge, considerando suas necessidades e preferências, e que assim também seja comigo. Amém!”
Luis Antonio Luize